segunda-feira, 8 de abril de 2013

REPORTAGEM: A SAÚDE E O PODER DA FÉ


DEBATE: A saúde e o poder da fé
(Medicina e Saúde. A Tribuna/ MT, 9 de janeiro/2008)


Quando a medicina chegou a seu limite, a saúde piorou e a morte ficou mais próxima, [mulheres] encontraram ajoelhadas, de olhos fechados e em meio a lágrimas, um tratamento que nenhum hospital se arriscaria a oferecer. À força da oração seguiu-se uma reviravolta no diagnóstico. Se para elas nunca foi dúvida creditar a cura à fé, a ciência até bem pouco tempo rejeitava essa possibilidade. Hoje há cientistas que não só se curvaram à religião como estão dispostos a provar que o poder da oração chega até quem não sabe orar.

Se antes Eliana Gonçalves Conceição encontraria a explicação para a cura da leucemia rara do seu filho apenas na Bíblia, agora as respostas estariam também nas pesquisas que se propuseram a desvendar os efeitos da espiritualidade na evolução da saúde. Aos 2 anos, o menino enfrentou duras sessões de quimioterapia e aprendeu a orar com a mãe. O desafio de casos como esse provocou uma explosão de livros e doutorados médicos que aproximam a religiosidade do mundo científico.

Entre 1900 e 1980, período em que a ciência caminhou de costas para a fé, foram produzidos, em todo o mundo, apenas cem estudos sobre o tema. O número teve um acréscimo de mil novas publicações entre 2000 e 2003. De lá para cá, outras 1.700 pesquisas. Os resultados transcendem a saúde mental. Os pesquisadores afirmam ter encontrado melhoras físicas.

Dos cinco trabalhos sobre a influência da religiosidade no sistema imunológico, os cinco comprovaram efeitos positivos, o que aumenta as chances de recuperação nas doenças. A mortalidade por câncer também foi menor nos religiosos e os dados estão comprovados em cinco dos sete estudos sobre o tema. Os problemas causados pela hipertensão foram até 70% menores nos que desenvolveram a espiritualidade, como mostrou 14 das 23 pesquisas. A incidência de enfartes e problemas cardíacos foi comprovadamente mais baixa em 7 das 11 teses que tiveram a proposta de estudar o assunto. Todos os resultados foram reunidos pelo psiquiatra Franklin Santana, da Faculdade de Medicina da USP.

“A comprovação científica quebrou um pouco a resistência dos médicos em compreenderem os impactos da espiritualidade. Tanto é que faculdades renomadas já implantaram disciplinas para orientar os profissionais a lidarem com a fé dos pacientes”, afirma Alexander Moreira de Almeida, psiquiatra da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora (MG) e coordenador do Núcleo de Pesquisa de Espiritualidade em Saúde (Nupe).

Foi o desespero ao receber a notícia de que seu filho Gabriel tinha chances mínimas de sobreviver que levou Eliana à capela do hospital onde o menino estava internado (...). Minha vida se transformou em oração e meu filho também sentiu vontade de [orar]”, lembra ela, quatro anos depois os exames já mostraram que a leucemia foi embora.

“O cérebro é provocado com o rezar, orar, meditar ou ter postura positiva”, fala a professora de Bioética da Universidade São Camilo, Ana Cristina Sá. “Hormônios que relaxam, melhoram a imunidade e a sensação de bem-estar são liberados. Esse impacto influencia na saúde e foi o mínimo que a ciência já conseguiu provar ao estudar a espiritualidade, que vai além da religião.”

A reação química que a crença causa é o argumento que os descrentes do poder da religião usam. “Os benefícios são seqüelas do acreditar que o tratamento médico vai dar certo. Até um ateu conseguiria”, diz o médico Valter Sanches.

“Os números que a ciência tanto exige para se convencer ainda não explicam, em média, 8% do total de pacientes terminais que evoluem para cura”, diz Ana Cristina.

Prematura de uma gestação de cinco meses, os médicos deram para Júlia algumas horas de vida. A mãe Lurdes Lopes passou um dia inteiro ajoelhada, suplicando que sua filha sobrevivesse. Hoje, a menina já caminha para o 8º aniversário. “Nunca fui religiosa, mas no dia que a esperança dos médicos acabou, o meu impulso foi [orar]. Senti que tinha um canal direto com Deus”, diz Lurdes. Ela aprendeu a [orar] naquela noite.

“O maior foco das pesquisas está em comprovar se a oração para o outro surte efeitos tão positivos quanto orar por si próprio”, fala Alexander. Lurdes já foi convencida pelas gargalhadas de Júlia.

FONTE: A TRIBUNA/ MT. 

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