(Por Monique Correia Alves)
A espiritualidade
constrói-se nos contextos socioculturais e históricos estruturando e atribuindo
significado e valores, comportamentos, experiências humanas e, por vezes, materializa-se
na prática de um credo religioso específico. A interligação entre Espiritualidade/Religiosidade
e a saúde, remonta aos primórdios da história em que os poderes da cura estavam
nas mãos dos que lidam com o espírito (sacerdotes entre outros), a quem era
reconhecido saber tratar dos males do corpo.
As relações entre espiritualidade
e a saúde emergem como uma área relevante na investigação atual, tanto no
âmbito das ciências humanas como no das ciências naturais. Contudo não se
encontra consenso na literatura sobre o conceito de espiritualidade, sendo que muitas
vezes surge uma associação direta à prática de uma religião. No entanto, religiosidade
e espiritualidade são conceitos diferentes.
A religiosidade refere-se ao grau de participação e adesão às crenças
e práticas de um sistema religioso. Assim, alguns autores sugerem que a
religião é institucional, dogmática, subjetiva e enfatiza a vida.
O conceito de espiritualidade é mais amplo do que o
de religião. A espiritualidade é vista como um processo dinâmico, pessoal e
experiencial, que procura a atribuição e significado no sentido da existência,
podendo coexistir ou não dentro da prática de um credo religioso.
Nesta perspectiva, a
espiritualidade pode ser entendida como um domínio fora de sistemas religiosos
particulares e, embora mostrem variações entre elas, partilham a ideia de importância
da espiritualidade num contexto em que as pessoas podem encontrar um sentido para
a vida, ter esperança e estar em paz no meio dos acontecimentos mais graves.
Este conceito é, de acordo com um estudo recente, uma definição científica de
espiritualidade não podendo depender de contextos religiosos particulares; deve
ser acessível e observável independentemente de crenças pessoais e pode ser
utilizado para caracterizar uma pessoa.
Benefícios
Thotesen, numa revisão de
investigação que relaciona a saúde com a espiritualidade, verifica que quanto
maiores os níveis de espiritualidade, maiores os níveis de bem-estar global e
de satisfação com a vida, menores os níveis de sintomas depressivos e de
suicídio, maiores os níveis de satisfação conjugal e menor o abuso de
substâncias.
*** FONTE DE PESQUISA:
ALVES,
Monique Correia. A Espiritualidade e os Profissionais de Saúde em Cuidados
Paliativos. Mestrado em Cuidados Paliativos – Faculdade de Medicina/ Universidade
de Lisboa, 2011. p. 3 – 4.
*** RESUMO:
A espiritualidade é hoje uma
dimensão em crescente valorização na medida em que se assiste atualmente a uma
maior preocupação no desenvolvimento quer a nível pessoal quer a nível
profissional de forma a proporcionar um maior bem-estar. Este estudo analisa a
perspectiva dos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros, face à
espiritualidade, sua importância e inclusão na prestação de cuidados de saúde. Trata-se
de um estudo com recurso a metodologia qualitativa, do tipo exploratório e descritivo.
Os dados obtidos foram
colhidos por entrevista semi-estruturada a profissionais de saúde a
desenvolverem a sua atividade em serviços de Cuidados Paliativos. Segundo os dados
obtidos, verificamos que os profissionais de saúde descrevem a espiritualidade
de forma diferente, ainda que todos sejam unânimes na clara distinção de
espiritualidade e religiosidade.
Concluiu-se igualmente que é
atribuída importância à espiritualidade quer na vida pessoal quer na vida
profissional onde dizem ser relevante a inclusão desta dimensão na abordagem à
pessoa doente.
Por último, verificamos que
os profissionais que desenvolvem a sua atividade nos serviços de cuidados
paliativos referem alterar a sua forma de estar no quotidiano pela constante
aprendizagem que realizam.
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