Ciência comprova elo
entre saúde e espiritualidade
Bons
sentimentos reduzem os riscos de doenças cardíacas
O
DIA/ Rio, 3/05/2013
Tomar
um comprimido a cada seis horas, perdoar desavenças e ser otimista. Em breve,
pacientes poderão sair de consultas médicas com recomendações parecidas com
esta. Estudos norte-americanos apontam que pessoas espiritualizadas têm saúde
melhor. No Brasil, 500 cardiologistas começaram a pesquisar o comportamento dos
brasileiros.
De
acordo com o médico Álvaro Avezum, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, nos
Estados Unidos o nível de espiritualidade foi medido por meio de um
questionário. Em seguida, foi associado a questões biológicas, como ocorrência
de problemas cardiovasculares (derrame e infarto) e índice de mortalidade.
Aqueles
que cultivavam sentimentos positivos, como perdão, tolerância e paciência,
tiveram pressão arterial controlada, melhor nível de colesterol e menos risco
de desenvolver doenças cardíacas. Álvaro explica que, na pesquisa, a espiritualidade é definida como uma forma de enxergar e encarar a realidade
e não se relaciona diretamente a religiões.
ATEUS
TAMBÉM CONSIDERADOS
“Trata-se dos sentimentos que a pessoa nutre
no cotidiano e como ela enfrenta os problemas. Isso se aplica a crentes e
ateus ”, afirma, acrescentando que americanos também avaliaram a interferência
da religiosidade na saúde. “Os religiosos também tiveram melhores índices”,
disse. Segundo o médico, já está comprovado que estresse e depressão estão
ligados a problemas cardíacos, mas há
muitos mistérios ainda não desvendados. “Não conseguimos explicar casos que
fogem do padrão clínico, como pacientes que melhoram ou pioram subitamente,
contrariando projeções”.
Há
dois meses, a sociedade criou o Grupo de Estudos em Espiritualidade (Gemca).
Com cerca de 500 cardiologistas, o Gemca vai analisar o nível de
espiritualidade entre os 14 mil médicos da sociedade. A pesquisa será estendida
à população brasileira e o resultado deve sair em um ano. Para Álvaro, há casos
clínicos que não podem ser explicados apenas pela ótica biológica. “Há lacunas
na cardiologia e é possível encontrar a resposta para elas na espiritualidade”,
acredita.