FÉ
E CIÊNCIA: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO
(Por
Ivenise T. Gonzaga Santinon* e Francisco Salles C. Gomes** – Jornal PUC
Campinas – 28/05/15)
A
relação entre Fé e Ciência para
algumas pessoas causa certo conflito e as discussões envolvendo esse tema não
costumam, muitas vezes, acabar bem. A Fé e a Ciência têm uma história de
guerras, de conflitos e de tensões e, por isso, há quem diga que ambas não se
conciliam, mas elas são importantes por estarem presentes nos fatos e na vida
de todos nós.
Como
alguns dizem: “a Ciência nos ajuda muito a pensar, mas a Fé nos ajuda muito a
viver melhor”. A Fé está ligada diretamente a Deus, ao sobrenatural,
transcendendo verificações e comprovações científicas feitas por métodos
experimentais de laboratórios. Para os que creem, a Fé tem uma relação direta
com a sua alma, seu espírito, sua vida.
A
Ciência busca explicações de fenômenos e comprovações por meio da observação e
do conhecimento das leis naturais. Com o método empírico, há grande compreensão
do universo natural e, consequentemente, um enorme progresso para a
civilização, fruto das descobertas científicas.
A
Ciência ocupa também um papel de desmistificação de “crenças” e de “tabus” por
meio de procedimentos lógicos e de compreensões dos fenômenos e, para alguns,
de desmistificação também da própria Fé. Assim, a Fé e as Ciências, sejam elas
humanas ou exatas, convivem em harmonia e em cooperação, não se contrapõem.
Muitas
das discussões sobre esse tema acabam evidenciando uma lógica, uma argumentação
e um método que se apoia na Ciência (causa e efeito) para uma comprovação, o
que é muito bom. Mas o que se nota nessas discussões e diálogos, é que naqueles
que têm uma Fé sem profundidade da sua reflexão, apenas creem e mais nada.
Para
os que são das Ciências Exatas e tem Fé, os fenômenos físicos observados diante
de uma metodologia científica causam beleza, admiração e lógica expressando
toda a “criação”; para os que não creem, os fenômenos apresentam apenas grande
beleza. Em junho de 2013, o Papa Francisco, na Encíclica Lumen Fidei afirmou
que a fé desperta o sentido crítico e deve alargar os horizontes da razão para
iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência.
A
religião e a ciência tornam explícita a essência humana e afetam o
comportamento de indivíduos e populações, sendo que enquanto a ciência
experimental promove o bem-estar material por meio das invenções, dos avanços
tecnológicos e de descobertas, a religião deve promover o equilíbrio espiritual
tanto no âmbito individual quanto no campo político e social, por meio dos bons
costumes, do caráter das virtudes e da ética.
Assim,
com a religião e a ciência se busca encontrar um significado para o dia a dia,
para a vida e, tudo ao nosso redor pode ser muito mais significativo quando
harmônico, quando se busca o diálogo entre religião e ciência.
Por
isso, para uma melhor compreensão do diálogo entre Ciência e Fé,
precisamos primeiramente lembrar que ambas são características humanas, ou
seja, antropológicas e que por elas os seres humanos buscam respostas às
questões fundamentais da sua existência e vale observar que: elas possuem
“espaços” conceituais distintos, mas não opostos; ocupam “lugares” diferentes,
mas com muitas intersecções.
*Prof.
Dr. Francisco Salles C. Gomes é docente na Faculdade de Engenharia Elétrica da
PUC-Campinas;
**Profa.
Dra. Ivenise T. Gonzaga Santinon é docente na Faculdade de Engenharia Elétrica
e na Faculdade de Teologia da PUC-Campinas.
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