quarta-feira, 6 de abril de 2016

REFLEXÂO: ENCONTROS, SEGUNDO TRASMONTANO

Encontros
(Por Patrícia da Silva Trasmontano - Blog Espiritualidade Gera Saúde)

Olá Queridos Leitores!!!

Gostaria de compartilhar com vocês 1 minutinho de reflexão...
Segundo Martin Buber:

"TODA VERDADEIRA VIDA É ENCONTRO"

Penso que, realmente, é mais profundo...


É o encontro dos braços que se abraçam, dos corações que se amam, das mãos que se juntam, dos olhares que se observam, das sensações e percepções de um mundo vivido ou experimentado...

É o mar que beija a terra, é a mãe que dá colo ao filho, é o afago que faz sentir-se especial, é o sorriso que contagia o espírito, é a lágrima que alivia a dor, é a música que envolve o corpo, é a voz que encoraja, é o sol que nos ilumina... 

Simplesmente encontros que dão cores e tons aos nossos dias.


* Que tal começarmos a agradecer por cada momento, 
ainda que simples, 
mas que nos motiva a viver? 

* Que tal colorirmos a nossa vida com mais beleza?

* Quer encontrar a si? 
Mova-se também em direção ao outro, 
e neste encontro, se acharão vivos!!!

Tenham um dia suave, leve e com muita paz!!!

ENTREVISTA: SOFRIMENTO, RESILIÊNCIA E ESPIRITUALIDADE, SEGUNDO ROCCA

Sofrimento, resiliência e espiritualidade
(Por IHU On-Line – 28/10/2007. Entrevistada: Susana Rocca)


"O paradigma da resiliência propõe uma mudança de ótica, centrando a observação nas capacidades, dos indivíduos e grupos, de resistir e refazer-se após experiências de grandes sofrimentos. Em lugar de focar a observação nas fraquezas, sintomas, doenças, carências, tenta-se descobrir quais são os chamados “fatores de proteção” e os “pilares de resiliência”, isto é, as forças positivas do ambiente circundante e as capacidades pessoais para reagir e superar as adversidades da vida, a fim de fomentá-las e promovê-las", afirma Susana Rocca*, em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos On-Line.

- Entrevista -

IHU On-Line - Qual é a principal mudança de paradigma sugerida pela resiliência, do ponto de vista da Psicologia? O que muda em relação ao olhar freudiano da psicanálise?

Susana Rocca - A resiliência, entendida como a capacidade de superar as situações adversas, é um esforço do ser humano de todos os tempos. As contribuições de Freud e a psicanálise, especialmente os estudos do inconsciente e do desenvolvimento psicossexual, ajudaram a pesquisar a vulnerabilidade do ser humano, os efeitos negativos e as repercussões traumáticas após certos fatores adversos ou situações críticas, abrindo espaço a análise das possibilidades ou não terapêuticas.

Nas últimas décadas, porém, alguns pesquisadores observaram indivíduos e grupos que, sendo expostos a situações traumáticas, pessoais, familiares e sociais, conseguiam desenvolver-se bem e continuar crescendo, apesar desses acontecimentos adversos. Até observou-se que algumas crianças, adolescentes e adultos, não só são capazes de continuar projetando-se no futuro, mas também de aprender e sair fortalecidos com as adversidades ou situações traumáticas.

O paradigma da resiliência, sem desconhecer a relevância dos estudos anteriores, propõe uma mudança de ótica, centrando a observação nas capacidades, dos indivíduos e grupos, de resistir e refazer-se após experiências de grandes sofrimentos. Em lugar de focar a observação nas fraquezas, sintomas, doenças, carências, tenta-se descobrir quais são os chamados “fatores de proteção” e os “pilares de resiliência”, isto é, as forças positivas do ambiente circundante e as capacidades pessoais para reagir e superar as adversidades da vida, a fim de fomentá-las e promovê-las.

IHU On-Line - Qual é o papel da crença num ser superior para a superação de situações difíceis? Em que sentido as religiões e a fé influenciam no processo de resiliência e nessa “quebra” da lógica do trauma?

Susana Rocca - As religiões sempre tentaram dar uma resposta, uma interpretação, e uma ajuda para a transignificação dos limites, um sentido para poder lidar e superar as situações adversas: escassez, catástrofes, carências, as forças ambientais ou as ações violentas, negativas, ou de sofrimento que atingem desde fora, assim como sofrimentos interiores.

Respondem a duas perguntas que acompanham o contato com o mal e o sofrimento: o porquê e o para quê. Isto é: o que aconteceu, qual é a origem ou o motivo do mal, assim como a pergunta pelo sentido e por como (re)fazer-se, como (re)construir-se após essa situação adversa e traumática. Diante do sentimento de desvalimento, de desproteção, e de necessidade de ajuda que o ser humano tem diante do sofrimento, a crença num ser superior, ou em vários, constitui uma força de sustento, recuperação e de proteção, atinge a solidão interior de quem padece a dor, motivando um vínculo com um Outro transcendente com quem se pode contar e se sentir seguro; propicia uma compreensão ou interpretação do que está acontecendo, favorecendo a busca de sentido em vistas a superação da situação traumática e do sofrimento.

É por isso que tantas vezes até pessoas que não se consideram religiosas, em momentos de crise, doença, ou problemas graves, procuram e encontram, na fé e na religião, consolo, conforto, apoio, e até força e sentido para seguir adiante. Constata-se que, para muitos, a crença num ser superior, o fato de poder contar com sua presença e ajuda, é um pilar fundamental para a superação, especialmente diante das situações difíceis, violência, acidente, luto, ou doença terminal, entre outras.

IHU On-Line - Quais são os principais fatores de proteção e os principais pilares de resiliência do jovem latino-americano?

Susana Rocca - Em primeiro lugar, se destaca o papel de uma ou mais figuras significativas que garantem uma acolhida e aceitação incondicional. Este fator de proteção é válido para toda idade e cultura. Ter pessoas de confiança com quem pode contar, ter um entorno favorável, assim como uma rede de apoio à qual recorrer, são fatores que propiciam proteção (família, instituição educativa, organizações sociais, políticas ou religiosas). Olhando para a América Latina, para promover a resiliência, faltam ainda políticas públicas suficientes que contemplem as necessidades da juventude, começando pelas necessidades físicas básicas.

Dentre as aptidões ou qualidades pessoais que podem ser consideradas pilares de resiliência, podemos citar: a necessidade de ter uma boa auto-estima; a capacidade de sociabilidade e estabelecimento de vínculos; assumir responsabilidades suficientemente claras, elevadas e compatíveis com a situação desse ou desses jovens; o protagonismo, a iniciativa e a criatividade para resolver situações adversas; o senso de humor, e a importância fundamental do sentido da vida vinculado à elaboração de um projeto de vida, ou a vida espiritual ou religiosa.

Se pensarmos nos pilares de resiliência comunitária ou social, isto é, nas capacidades que uma comunidade, uma cidade ou um povo tem de se recompor após um desastre ou calamidade deveríamos citar a solidariedade comunitária; a honestidade estatal ou administrativa; a identidade cultural; o humor social; e a auto-estima coletiva.

IHU On-Line - A vida em comunidade, no caso de pertencimento religioso, contribui para o processo da resiliência?

Susana Rocca - A fé, vivida como confiança em um Deus presente e força que ajuda a superar o sofrimento, parece ser uma chave no desenvolvimento das capacidades de resiliência. Daí as implicâncias para o contexto religioso, lugar privilegiado para acompanhar esse processo de superação das adversidades, desafiando os estudiosos e a comunidade de fé a redimensionar com esta ótica tantos recursos pessoais e comunitários que podem ser oferecidos por meio das celebrações, dos variados serviços e atividades religiosas.

Quanto à vida de grupo, basta ver o apoio que oferecem os grupos de pessoas que se reúnem para elaborar e ajudar-se a superar situações traumáticas semelhantes (fazendas de recuperação, grupos de enlutados, portadores de doenças crônicas específicas etc.). No caso da juventude, a formação de grupos (tribos) constitui uma singular força de apoio que favorece os vínculos, o sentimento de pertença e a busca da identidade. O engajamento com outros para superar adversidades e a união para lutar por causas sociais comuns, sob o enfoque da resiliência, podem ser instrumentos propícios para promover também as capacidades próprias de lidar e superar as situações traumáticas.

IHU On-Line - Qual é a crítica que você faria à questão da resiliência?

Susana Rocca - Há diferentes pontos que poderíamos abordar. Mesmo que no Brasil ainda não aconteça, nos países que trabalham há mais anos o tema existe o risco da banalização do conceito de resiliência, virando, na sociedade de consumo, uma categoria-chavão para a publicidade, para garantir uma maior venda de um produto no mercado. Outro enfoque distorcido seria dividir as pessoas e os povos como resilientes e não resilientes, gerando, assim, uma forma de exclusão.

Creio que é importante pensar na resiliência como um enfoque científico e transdisciplinar que visa a contribuir na superação das dificuldades pessoais e coletivas que ferem a vida. Mas a promoção da resiliência não supõe uma visão ingênua ou eufórica que nega as sérias problemáticas que causam as feridas da vida dos seres humanos e do ambiente. Há muitas realidades traumáticas, diante das quais é preciso garantir mudanças pessoais, sociais e estruturais. Não se pretende trabalhar somente para evitar as conseqüências e efeitos negativos.

É preciso garantir o trabalho contra as causas que ocasionam esses danos. Penso especialmente nas desigualdades sociais, a injustiça, a corrupção, a miséria, a guerra, as diferentes formas de violência e opressão. Nesse sentido, promover a resiliência é também lutar por políticas públicas que garantam os direitos fundamentais das pessoas: necessidades físicas básicas: segurança, casa, alimentação, saúde, educação, emprego.

IHU On-Line - Considerando o cenário pobre e violento da América Latina, quais são as limitações no plano da ética e da constituição social que envolvem o conceito de resiliência?

Susana Rocca - Pensando no nosso contexto latino-americano, há um desafio que nos preocupa seriamente. Que alternativas têm as crianças e os adolescentes que nascem em contextos mais desprovidos de segurança e sem as necessidades básicas satisfeitas? Como potencializar recursos para favorecer a resiliência diante de tantos e tantos fatores estruturais de miséria, violência e privação? Como favorecer as redes de apoio social?

Pois se sabe que a resiliência se potencializa também graças às ajudas de outros e das redes. Tem a ver com os fatores de proteção que se encontram disponíveis no meio social e que ajudam para conseguir para superação. As pessoas não “são” resilientes, já que as capacidades não são ilimitadas nem definitivas. Não existem seres “invulneráveis”, como se chamou no início às crianças que mostravam grande capacidade de superação. A resiliência é um estado que varia conforme a idade do sujeito, conforme o conjunto de fatores de risco padecidos ao longo da sua história.

Relaciona-se também às características de personalidade e a também às escolhas livres de cada um. A resiliência se “tece” ao longo da vida e é dinâmica. Por isso, não se “é” resiliente, mas se “está” resiliente. Alguém pode agir com atitudes resilientes diante de graves situações, porém, pelo “efeito gatilho”, pode ter uma queda significativa na capacidade de superação após um acontecimento de outra índole ou, aparentemente, de menor teor traumático para outras pessoas. Pode afirmar-se que a superação de situações traumáticas faz crescer as capacidades de resiliência.

Pode constatar-se que, para algumas pessoas, determinadas adversidades chegam a contribuir no amadurecimento como ser humano, na descoberta de um sentido mais profundo dado às coisas e a vida. Porém, é preciso esclarecer que as adversidades isoladamente não são necessariamente capazes de promover a resiliência.  Finalmente, diria que há uma referência clara às questões éticas num sentido duplo, pois, para falar em resiliência, é preciso considerar estratégias de superação que contemplem não só o bem próprio, mas também o bem alheio.

Num contexto de pobreza, desemprego, violência, corrupção e pressões, encontram-se jovens que conseguem vencer dificuldades com aparente sucesso. O preço, porém, é compactuar com situações prejudiciais para outros (por exemplo, corrupção, tráfico). Por isso, devem ser pensadas formas de superação que respeitem o próximo e o bem comum.

IHU On-Line - É possível que alguém se torne resiliente sem uma filosofia de vida, sem um sentido maior que norteie sua existência?

Susana Rocca - Na maioria dos estudos e pesquisas sobre o tema, se fala da importância da filosofia de vida, de ter um sentido para viver ou por quem viver. Outros destacam a relevância de ter uma convicção religiosa, um sentido transcendente, uma fé, uma crença espiritual. Mas nem todos os autores abordam e desenvolvem da mesma forma estes aspectos. Alguns, por exemplo, analisam a importância da busca de sentido, contudo não citam ou fazem pouca menção ao tema religioso.

Não conheço nenhum autor que tenha minimizado a importância da busca de um sentido de vida e de um sentido para superar a adversidade. Inclusive, já antes de se desenvolver as pesquisas sobre a importância do sentido como pilar de resiliência, o psicólogo vienês, Vicktor E. Frankl criou uma nova abordagem terapêutica através do que denominou a “logoterapia”, isto é, a cura pela busca de sentido.

IHU On-Line - O que a sua experiência no serviço de atendimento espiritual do IHU lhe ensina sobre a construção da resiliência entre jovens universitários?

Susana Rocca - A maior procura do serviço de atendimento acontece diante de relacionamentos que acabam, doença ou morte de pessoas queridas, crise de medo, depressão, problemas econômicos, e inquietações existenciais e espirituais. Tanto nos atendimentos presenciais quanto nas consultas on-line e os pedidos de oração, que nos chegam dos mais variados lugares do país, há algo em comum: uma grande necessidade de acolhida e escuta.

Num mundo onde prima a correria, os sentimentos de vulnerabilidade têm pouco espaço para serem partilhados. Diria que também é papel das instituições formativas o cuidado integral dos acadêmicos. Nesse sentido, creio que é importante detectar as necessidades e ver, com criatividade, que iniciativas podemos assumir para contribuir no crescimento e cuidado integral das pessoas, promovendo a resiliência tanto pessoal quanto comunitária.

Chama-me bastante atenção a procura e os efeitos dessa nova forma de socialização que são os vínculos on-line, tanto os serviços personalizados quanto as comunidades virtuais. Talvez estejamos frente a novas maneiras de contribuir no “empoderamento” das pessoas e na promoção das suas capacidades resilientes. A experiência e a pesquisa nos irão mostrando até que ponto isso é ou não possível.

* Sobre a Entrevistada


Susana María Rocca Larrosa possui graduação em Psicologia, pela Universidad Catolica del Uruguay, e Especialização em Aconselhamento e Psicologia Pastoral, pela Escola Superior de Teologia. Cursa Mestrado em Teologia Prática na EST. Dedica-se ao trabalho pastoral há mais de 25 anos no Uruguai, na Argentina e no Brasil. É coordenadora dos Serviços de Atendimento Espiritual presencial e on-line e responsável pelos Encontros de Ética, no Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Tendo aprofundado o tema da resiliência, nos últimos anos participa e coordena eventos, assim como também assessora grupos interessados no assunto, em âmbito regional. O tema de estudo e da pesquisa do mestrado é “Espiritualidade e resiliência em juventude: a influência da religiosidade no desenvolvimento da resiliência”. Junto a Lothar Hoch, é organizadora do livro Sofrimento, resiliência e fé: implicações para as relações de cuidado(São Leopoldo: Sinodal, 2007).


ARTIGO: O BEM É CONTAGIOSO

O bem é contagioso
(Por Lucas Correali, Revista Planeta, nº 512 - 04/08/2015)


Assistir a gestos bondosos ou compassivos aciona mecanismos nervosos e cerebrais que proporcionam um sentimento de bem-estar capaz de nos estimular a multiplicar esses atos.

Quando um ser humano testemunha ações notáveis de bondade, vive uma experiência única definida por pesquisadores como elevação moral. Estudos têm demonstrado que esse sentimento deflagra o otimismo e estimula a pessoa a querer agir de modo mais altruísta e fraterno com os semelhantes. Uma parceria entre a neurociência e a psicobiologia oferece uma nova contribuição a essa área, ao esmiuçar o funcionamento do cérebro e do corpo quando a elevação moral acontece.

Em um estudo da Universidade Estadual do Oregon (EUA), publicado em maio na revista Biological Psychiatry, 104 universitários assistiram a vídeos que mostram atos heróicos de bondade ou simplesmente situações divertidas. Enquanto isso, pesquisadores mediam sua frequência cardíaca e a atividade no córtex pré-frontal medial, uma estrutura do sistema límbico que tem papel importante nos processos da integração emocional e cognitiva.

Outro item avaliado foi a arritmia sinusal respiratória – a flutuação da frequência cardíaca com a inspiração e a expiração –, a qual sinaliza a atividade do sistema nervoso parassimpático (SNP). Esse sistema estimula ações que acalmam a pessoa, enquanto o sistema nervoso simpático (SNS), ligado à frequência cardíaca, está relacionado a reações do tipo “lutar ou fugir”.
Uma vez que a atividade do SNP está ligada a sentimentos de simpatia em relação a outras pessoas e a um comportamento mais sociável, os pesquisadores imaginavam que esse sistema nervoso estaria mais ativo quando os participantes vivenciassem momentos de elevação moral. O acerto foi parcial: os participantes que viram vídeos inspiradores da elevação moral apresentaram aumento na atividade não só do SNP, mas também do SNS.

Já os outros estudantes, que assistiram apenas a vídeos divertidos, não exibiram mudanças em nenhum desses sistemas nervosos. A ativação simultânea do SNP e do SNS despertou o interesse de Sarina Saturn, professora de psicologia da Universidade Estadual do Oregon e coautora do estudo. “É realmente um padrão incomum, no qual você vê esses dois sistemas recrutados para uma emoção”, avalia.

Coração acalmado

Ao pesquisar mais sobre o tema, ela verificou que o SNP e o SNS são ativados ao mesmo tempo em situações relacionadas a atos que beneficiam outras pessoas e que implicam estar alerta e estimulado, como cuidar dos filhos ou ter relações sexuais. Sarina deduz que a elevação moral deve estar vinculada a um padrão semelhante. Um gesto altruísta pressupõe, em geral, uma situação de sofrimento de algum indivíduo ou grupo, a qual gera estresse.

Observar que esse sofrimento é amenizado ou eliminado por um ato bondoso faz o SNP tranquilizar o coração, o que desfaz o estresse e abre espaço para um sentimento caloroso e agradável. O conjunto da experiência traz uma sensação de bem-estar que nos dá a impressão de que agir de forma compassiva e altruísta vale a pena.

Outro detalhe ressaltado pelos pesquisadores foi a atividade do córtex pré-frontal durante a experiência. Segundo eles, ocorreram variações de nível consideráveis nas comparações entre duas situações de elevação moral. A explicação para isso teria origem numa diferença entre essas situações: na primeira, ajuda-se uma pessoa com ferimentos físicos; na segunda, a pessoa não está ferida.

No primeiro caso, o córtex pré-frontal registrou maior atividade, o que indicaria que ele faz “escolhas” nas situações de elevação moral. “Pesquisas anteriores mostravam que quando você vê alguém com dores físicas, essa parte do cérebro se acende, o que pode explicar [o fenômeno]”, afirma Sarina.

Os pesquisadores concluíram que a elevação moral estimula o altruísmo ao misturar o desejo de proteger os outros e a excitação. Para a professora, o provável responsável por isso é a oxitocina, conhecida como o “hormônio do amor” por ser liberada quando se está perto da pessoa amada e já relacionada a sentimentos altruísticos.

Enquanto planeja experiências que ampliem os conhecimentos científicos sobre a elevação moral, Sarina considera praticamente certo que esse sentimento tem efeito positivo sobre qualquer pessoa. “Não importa onde estamos emocionalmente, ele pode elevar a todos nós”, avalia.

“Penso que tendemos a absorver o que estamos testemunhando e que isso tem um impacto no nosso corpo e no nosso cérebro. Descobrimos que basta mostrar um vídeo inspirador de pessoas sendo gentis para fazer esses eventos dramáticos ocorrerem no corpo e permitir que você, por sua vez, queira entrar nessa corrente do bem e ser pró-social.”